DESTAQUES

Como Fazer Sua Própria Cerveja?

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Introdução



Em tempos como este que estamos vivendo, onde a crise tem afetado grande parte da

população, um dos poucos prazeres que ainda nos restam é receber os amigos para

um gostoso bate-papo.

E, para animar o ambiente nada melhor que oferecer a eles uma boa caneca de

cerveja bem geladinha, saborosa e espumante.

Produzindo sua própria cerveja, você faz muita economia e pode servir-se à vontade.

Além disso, torna-se possível mudar o sabor da bebida ao seu paladar, criando assim

uma CERVEJA PERSONALIZADA.

Você vai ainda poder curtir um hobby muito divertido e que fará o maior sucesso

entre seus amigos.

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Vantagens da cerveja Caseira



DURABILIDADE: a cerveja caseira fica madura para se beber quinze dias após o

engarrafamento, e mantém-se em perfeito estado de conservação por um ano! Já o

produto industrializado começa a piorar desde o dia em que sai da fábrica, ficando

com o paladar inaceitável em questão de poucas semanas.

SABOR PERSONALIZADO: produzindo em casa, você pode fazer a cerveja como

você gosta: doce ou amarga, com mais gás, com menos álcool, com mais espuma etc.,

TUDO ISSO É CONTROLADO CONFORME SEU PALADAR!

SAUDÁVEL E NATURAL: o produto fabricado por você é caseiro, de confiança e

sem aditivos químicos prejudiciais, podendo ser bebido em grandes quantidades sem

provocar mal-estar, boca amarga, ou dor de cabeça.

ECONOMIA: a cerveja feita em casa também sai muito mais barata! Em todos os

hobbies você sempre gastou muito dinheiro, mas neste você só economiza, se diverte e

ainda faz muitas amizades!

LAZER: a cervejaria caseira é um passatempo divertido e apaixonante. Não é preciso

muito espaço: podemos fazer nossa cervejinha na pia da cozinha ou na área de

serviço. Fazer cerveja é uma atividade fácil, relaxante e agradável.

FARTURA: você vai ter a satisfação de receber generosamente os amigos servindo

cerveja à vontade! Além disso, é muito engraçado ver o impacto causado quando eles

descobrem que você é UM MESTRE CERVEJEIRO!

CONCLUSÃO: A CERVEJA É UMA BEBIDA QUE FAZ AMIZADES!!!!



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Material Necessário

O QUE VOCÊ PRECISA PARA FAZER SUA CERVEJA:

a) Um caldeirão ou panela grande com capacidade de uns 25 litros(nº.34 ou 36), cuja

altura seja no mínimo 2cm maior que uma garrafa de cerveja em pé, ou seja 30cm.

Este recipiente servirá para três operações:

1º- Ferver a água;

2º- Cozinhar o malte;

3º- Pasteurizar a cerveja já pronta.

OBS: A PANELA DE CERVEJA É SAGRADA! Ela só deve ser usada para fazer

cerveja. Lave esta panela nova SEM SABÃO, areando-a com pedaços de gengibre ou

limão, e ferva água nela até eliminar qualquer gosto estranho de panela nova.

Guarde-a com cuidado para protege-la de usos indevidos.

b) Um balde plástico com capacidade de 20 litros, para guardar água fervida, baldear

cerveja, coar malte etc.

c) Uma peneira metálica de malha fina, que tenha o diâmetro maior do que o balde

anterior, onde ela possa se apoiar, e que servirá para coar o material durante a

fabricação.

d) Um escorredor de macarrão, tipo cestinha plástica, e que serve para lavar e

peneirar o malte.

e) Uma escova própria para limpar garrafas.

f) Uns panos de saco de trigo ou açúcar - servirão para coar o material.

g) Um vidro grande de boca larga(maionese, café solúvel, etc.) muito bem lavado, para

recolher o fermento após a fabricação da cerveja.

h) Uma esponja plástica nova, do tipo áspero, para fazer a limpeza dos utensílios sem

sabão.

i) Uma colher de pau nova, para mexer a cerveja sem contaminá-la.

j) Um vidrinho de tintura de iodo, para fazer o teste da conversão do malte.

k) Um termômetro com tamanho suficiente para ser mergulhado na panela.

NOTA: Os ingredientes necessários serão relacionados juntamente com a receita de

cada tipo de cerveja.

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Cuidados a serem tomados



1 - Leia atentamente estas instruções antes de começar. Procure entender as

instruções tão bem que praticamente você possa "VER" as operações

acontecendo mentalmente.

SÓ DEPOIS DE TER CERTEZA DE QUE FOI TUDO MUITO BEM

ENTENDIDO É QUE VOCÊ DEVE INICIAR A FABRICAÇÃO DA SUA

CERVEJA.

2 - COMECE PELA CERVEJA PRETA:

A cerveja preta é muito mais fácil de fazer, além disto, ela está explicada

passo-a-passo, minuciosamente para facilitar ao principiante. DEPOIS DE

FAZER COM SUCESSO UMA BOA CERVEJA PRETA, VOCÊ VAI

ACHAR MUITO MAIS FÁCIL FAZER A CERVEJA CLARA!

3 - O TANQUE E SEU CHEIRO:

O tanque plástico usado para fermentação, quando novo, tem um cheirinho

desagradável que pode contaminar a cerveja, Por isto, ao usá-lo pela primeira

vez, devemos lavá-lo com água SEM SABÃO, e deixá-lo com água por um ou

dois dias, destampado, para facilitar a saída do cheiro de plástico.

4 - COMECE PREPARANDO A ÁGUA:

Uma boa maneira de começar a fazer uma cerveja, é fervendo uns 20 litros de

água, que assim já estará fria e aerada na hora de iniciarmos a fabricação.

AERAÇÃO é a operação pela qual devolvemos o oxigênio à água fervida. A

água, ao ser fervida, perde todo o seu oxigênio, e, para recuperá-lo, passamos

essa água (já fria) de um balde para outro, por diversas vezes, agitando

bastante, o que permite à água RECAPTURAR o oxigênio perdido.

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Receita da Cerveja Preta





INGREDIENTES:

Malte - 600g ;

Lúpulo - 40g ;

Caramelo de milho - A Gosto ;

Açúcar - 1Kg ;

Água Filtrada, Fervida e Aerada - 20 litros ;

Fermento Cervejeiro - 1 Dose (30cm³) ;

Sal de Cozinha - 1 Colher de Chá.

MODO DE FAZER:

1 - Limpar o malte sacudindo-o numa peneira ou escorredor de macarrão, para

retirar a palha e o pó.

2 - Lavar este malte ligeiramente em água corrente da torneira.

3 - Moer o malte com água no liquidificador, até ele adquirir a aparência de trigo

para quibe. A este material moído, de agora em diante, passaremos a chamar de

MOSTO.

NOTA: Você não deve moer excessivamente o malte até transforma-lo num mingau.

Isto trará problemas mais tarde, na hora da filtragem.

4 - Cozimento, vamos cozinhar o mosto em uma panela com cinco ou sete litros de

água, mexendo de vez em quando com uma colher para o material não grudar no

fundo.

5 - Conversão do amido em açúcar. No grão de malte existe uma enzima chamada

MALTASE, que ao ser aquecida tem a propriedade de transformar o amido do cereal

em açúcar de malte, ou seja, MALTOSE.

Brassagem é a operação de cozinhar CONTROLADAMENTE este mosto por 45

minutos, obedecendo à seguinte escala de temperaturas:

a) De 40° a 50°C : 15 minutos (proteínas/acidez)

b) De 50° a 60°C : 15 minutos (conversão de maltose)

c) De 60° a 72°C : 15 minutos (conversão da dextrose)

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OBS: A ENZIMA MALTASE MORRE AOS 72°C, RAZÃO PELA QUAL NÃO

PODEMOS ULTRAPASSAR ESSA TEMPERATURA ANTES QUE TODO O

AMIDO JÁ TENHA SE CONVERTIDO EM MALTOSE.





NOTAS:

1º.) Não importa quanto tempo o mosto vai demorar para aquecer até os 40°C. Só

começamos a contar o tempo de cozimento quando esta temperatura já for atingida.

2º.) Na primeira etapa do cozimento (40/50°C) coagulamos as proteínas do malte

eliminando a acidez da cerveja. Na segunda etapa (50/60°C) você sacarifica

(TRANSFORMA EM AÇÚCAR o amido, convertendo-o em maltose, que é o açúcar

ideal para se fazer cerveja. Na terceira etapa (60/72°C) você "puxa" as dextroses,

açúcares muito importantes para uma boa cerveja, pois não são fermentáveis, e que

por isto permanecem depois da fermentação, dando sabor, suavidade e encorpando a

cerveja.

Para controlar melhor esta elevação de temperatura, use um fogo bem baixinho, e vá

aumentando AOS POUCOS, na medida em que for necessário aumentar a

temperatura.

3º.) Se o tempo de cozimento ultrapassar os 15 minutos por etapa, não se preocupe,

pois ISTO NÃO PREJUDICA A CERVEJA. Na verdade, 15 minutos é apenas um

tempo MÍNIMO NECESSÁRIO para se fazer uma escala de cozimento bem feita.

6 - Controle de temperatura.

Para controlar a temperatura com exatidão mergulhe o seu termômetro até a altura

da marca _ gravada na parte inferior do instrumento.

NOTA: O modo mais prático de trabalhar é deixar o termômetro pendurado por um

fio. SEM ENCOSTAR NO FUNDO NEM NA LATERAL DA PANELA, durante toda

a operação de cozimento. (fig. 01)



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fig 01

7 - Teste de Iodo.

Na segunda etapa de cozimento (50/60°C) fazemos os testes de iodo para saber se a

conversão do amido em maltose ocorreu satisfatoriamente.

MODO DE FAZER:

Com a ponta do termômetro ou uma colherinha recolhemos quatro gotas de mosto em

um pires branco. Pingamos em cima uma gota de iodo comum. O iodo tem a

propriedade de reagir em contato com o amido, mudando de cor e ficando preto

azulado. À medida que o amido se transforma em açúcar, o iodo reage cada vez

menos, e a substância resultante deste teste vai ficando cada vez mais alaranjada.

Quanto mais alaranjada, mais perfeita e completa foi a conversão em maltose.

NOTAS:

1º.) QUANDO FAZEMOS O COZIMENTO CORRETAMENTE, OBSERVANDO

AS ESCALAS DE TEMPERATURA E TEMPO, ESTA TRANSFORMAÇÃO

ACONTECE SEMPRE AUTOMATICAMENTE. No entanto, os testes de iodo

servem para tranqüilizar, PROVANDO VISUALMENTE que a sacarificação do

amido já foi completada.

2º.) O teste do iodo é feito ao final da segunda escala (50/60°C), ou seja, após 30

minutos de cozimento do mosto.

3º.) Depois que o teste do iodo der positivo, ainda cozinhamos o mosto por mais 15

minutos, até completar a terceira etapa (60/72°C).

8 - Lupulagem

QUANDO A SACARIFICAÇÃO DO MOSTO SE COMPLETAR VOCÊ NÃO

PRECISARÁ MAIS SE PREOCUPAR COM A BARREIRA DOS 72°C. Pode

recolher o termômetro da panela e ferver o mosto à vontade. As enzimas já

concluíram a sua tarefa, transformando em maltose e dextrose todo o amido que era

possível converter.

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Agora adicionamos ao mosto 40g de lúpulo e vamos fervê-lo por mais uma hora para

extrair o seu sabor e princípios aromáticos.

9 - Coagem

Depois de uma hora, completada a fervura, coamos o mosto numa peneira de malha

fina, para fazer a separação entre o bagaço e o suco do malte.

10 - Lavagem

Juntamos um pouco de água ao bagaço, para lavar e extrair os restinhos da maltose.

Fervemos por 10 minutos, coamos e adicionamos este caldo ao suco já separado no

item anterior.

11 - Coagem fina

Coamos novamente todo este mosto em um saco de padaria.

12 - Adição do açúcar

Enquanto o mosto está quente, adicionamos 1Kg de açúcar refinado ou cristal,

mexendo-o bastante para dissolver bem a açúcar.

13 - Caramelo

Com o mosto ainda quente, juntamos o caramelo de milho, mexendo sempre para ele

dissolver bem. Quanto mais caramelo você adicionar, mais escura e encorpada vai

ficar a sua cerveja. Pouco caramelo vai resultar numa cerveja aguada e de colarinho

muito frágil.

NOTA: Você também pode deixar para acrescentar o caramelo mais tarde, depois da

fermentação, na altura da operação nº 19.

14 - Adição da água

Agora que o mosto já está pronto, podemos colocá-lo no tanque de fermentação,

completando com água filtrada, fervida e aerada o que faltar para 20 litros.

NOTAS:

1º.) Você ganha muito tempo se ferver a ÁGUA ANTES DE COMEÇAR A FAZER O

MOSTO. Assim,a água já estará fria e aerada, servindo até para esfriar o mosto.

2º.) Coloque PRIMEIRO o mosto no botijão, e depois acrescente a água necessária

para completar os 20 litros.

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15 - Adição do fermento

Antes de adicionar o fermento ao mosto, precisamos ATIVÁ-LO. Para isto colocamos

uma dose de fermento em um copo, acrescentamos uma colherinha de açúcar, outra

de nutriente , e completamos o copo com água filtrada sem cloro. Deixamos fora da

geladeira de uma a duas horas para o fermento reagir e só então o despejamos no

tanque de fermentação.

16 - Introdução do fermento no tanque

Esperamos a temperatura do mosto cair a MENOS de 35°C antes de adicionar o

fermento já ativado, mexendo muito bem para misturá-lo de uma maneira uniforme.

17 - Fechamento

Fechamos o tanque de fermentação e mergulhamos a ponta do tubinho plástico que

sai da tampa em uma garrafa com água. Assim o gás formado pela fermentação pode

sair livremente, sem que o ar penetre no tanque.

ATENÇÃO: MERGULHE A PONTA DO TUBO PLÁSTICO APENAS 1 CM

DENTRO DA ÁGUA. se você mergulhar muito fundo a pressão da água impedirá a

saída do gás e você pensará que a fermentação não está acontecendo normalmente.

Procure vedar com alguma cola (epóxi,silicone) o encaixe do tubinho plástico, para ter

certeza de que o tanque está bem vedado. Então, o gás só poderá sai, borbulhando,

pela garrafa com água.

18 - Fermentação

O fermento é um ser vivo, que se nutre de açúcar ou maltose. Cada vez que o

fermento "ataca" uma molécula de açúcar ele a divide em outras duas: uma molécula

de gás e outra de álcool, EXATAMENTE TUDO AQUILO DE QUE PRECISAMOS

PARA FAZER UMA BOA CERVEJA!

Sinais característicos da fermentação:

Quando adicionamos o fermento ao mosto, ele começa a agir. Em aproximadamente

24 horas, notamos que:

a) Saem borbulhas de gás da ponta do tubinho plástico mergulhado na água;

b) Abrindo o tanque, sente-se um aroma forte e agradável, característico da

fermentação;

c) Forma-se uma camada de espuma na superfície do mosto a partir do 2º dia de

fermentação;

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d) Abrindo a tampa veremos as borbulhas de gás subindo do fundo do tanque.

NOTA: Você pode abrir o tanque de fermentação para dar uma espiadinha, mas deve

fechá-lo logo em seguida para evitar o risco de contaminações.

19 - No terceiro dia de fermentação já se processou e está na hora de sifonar e coar a

cerveja.(Atenção: se nesta ocasião ainda estiver borbulhando muito. ESPERE MAIS

ALGUM TEMPO, ATÉ DIMINUIR O RITMO DE SAÍDA DAS BOLHAS. Não

interrompa uma fermentação que ainda está ativa.)

Com um tubo plástico flexível - o"pescador" - baldeamos esta cerveja para outro

recipiente, TENDO CUIDADO DE NÃO AGITAR O FUNDO DO TANQUE, e,

também, o cuidado de não puxar o fermento pela sucção do "pescador". Para isto, é

necessário que a extremidade do "pescador" fique uns 2cm acima do material que se

depositou no fundo do tanque. Aproveitamos esta baldeação para coar novamente a

cerveja num pano. Depois desta coagem, acrescente uma colherinha de chá com sal e

misture muito bem.





NOTA: Se você não acrescentou o caramelo na operação nº 13, deve faze-lo agora.

Dissolva o caramelo em 1 litro de água, junte-o à cerveja já coada, misturando bem.

20 - Aproveitamento do fermento:

O depósito que se formou no fundo do tanque é a nova colônia de fermento, que

usaremos para fazer as nossas próximas cervejas.

Agitando o botijão, recolhemos este material numa garrafa, guardando-a na

geladeira. Depois de dois dias o fermento se deposita no fundo da garrafa.

Viramos a garrafa com cuidado e entornamos fora os restos de cerveja, substituindo-a

por água fresquinha, aerada e sem cloro.

Aproveitamos a ocasião para alimentar o fermento, dando-lhe uma colherinha de

açúcar e outra de nutriente, e também 2 gotas de limão.

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NOTA: A renovação da água e a alimentação do fermento DEVEM SER FEITAS

SEMANALMENTE. Um fermento bem cuidado vive mais de três meses se for

mantido em geladeira.

21 - Engarrafamento:

Agora que a cerveja já está pronta para ser engarrafada, o vasilhame já deve estar

aguardando, limpinho.

Não lave suas garrafas com sabão ou detergente. É melhor você lavá-las com uma

escova própria para garrafas ou sacudi-las com milho ou cascalho fino de aquário.

NOTA: NÃO ENCHA DEMAIS AS GARRAFAS. Basta encher com cerveja até

atingir a curvatura do ombro da garrafa.

22 - Tipos de garrafas utilizáveis:

Use somente garrafas de cerveja tipo A, evitando as de pinga ou tubaínas, pois não

oferecem resistência à pressão do gás e explodem facilmente.

Nunca utilize garrafões de vinho: Eles simplesmente não agüentam a pressão.

23 - Fechamento com chapinha metálica:

a) Regule a máquina de acordo com a altura da garrafa;

b) Coloque a chapinha sobre a garrafa;

c) Centralize a garrafa no bocal do fechador;

d) Pressione firme a alavanca até o fim.

Se a garrafa prender no bocal, retire-a com uma pequena torção, para baixo. Evite o

movimento de vaivém que pode afrouxar a chapinha, estragando a cerveja.





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24 - Repouso:

As garrafas, depois de fechadas, DEVEM REPOUSAR DEITADAS por dois ou três

dias, aguardando a formação de gás e atingir o ponto certo para pasteurização.

25 - Testes de pressão de gás:

É de máxima importância determinarmos rigorosamente o ponto de gás correto para

pasteurização da cerveja. Se pasteurizarmos a cerveja com pouco gás ela fica choca e

sem espuma. Já com gás demais corremos o sério risco de explosão.

Para determinarmos com segurança o momento certo da pasteurização, vamos fazer o

seguinte teste:

a) TESTE DAS TRÊS GARRAFINHAS: Na ocasião em que engarrafamos as

cervejas, fechamos também três garrafas menores (tipo refrigerante), colocando-as

junto com o resto do lote. Apos 24 horas, abre-se uma garrafinha para ver como está a

espuma. Se, ao derramar no copo, se formar uma espuma de dois dedos,

PASTEURIZE O LOTE TODO IMEDIATAMENTE. Se a espuma ainda não estiver

no ponto desejado, vá abrindo as outras garrafinhas - uma por dia - até a espuma

atingir o ponto satisfatório, e pasteurize em seguida.

NOTA: Se ao abrir uma garrafinha a espuma já estiver quase boa, reduza para 12

horas o intervalo da próxima garrafa.





26 - Pasteurização

A pasteurização será vista em um capitulo a parte.

27 - Maturação

A cerveja preta deve repousar pelo menos 15 dias, antes de ser consumida, ficando

ótima dentro de 30 dias e permanecendo em perfeito estado de conservação por um

ano.

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28 - Como servir

I - A cerveja preta é a melhor bebida para o inverno ou dias frios, por ser mais

reconfortante. As cervejas claras são melhores para matar a sede em dias de calor.

II - Não devemos gelar exageradamente a cerveja, pois o frio excessivo prejudica

muito o sabor da bebida.

III - Só coloque na geladeira a bebida que você vai consumir nos próximos dias. É

bom saber que a geladeira impede a maturação da cerveja.

IV - Uma vez posta na geladeira, a cerveja não deve mais ser guardada fora.

V - O depósito que se forma no fundo da garrafa é normal. Afinal, é o nutritivo e

saboroso malte que se sedimentou. Se você quiser eliminá-lo, uma rápida sacudida na

garrafa resolve o problema.



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Pasteurização



A pasteurização é um processo pelo qual matamos o fermento por meio do calor,

para impedir excessiva formação de gás, que poderá explodir as garrafas.

- MODO DE FAZER:

a) Forrar o fundo de uma panela com panos para proteger as garrafas do choque

térmico;

b) Encher a panela com água até cobrir a garrafas em pé, e finalmente aquecer até

60°C por 20 minutos, o que basta para matar o fermento e impedir a criação de mais

gás.

- CUIDADOS ESPECIAIS NA PASTEURIZAÇÃO:

I - O calor faz QUADRUPLICAR O VOLUME DE GÁS na hora da pasteurização. É

por isto que recomendamos não encher demais as garrafas. Deixe um lugar para a

expansão que o gás vai sofrer ao atingir os 60°C.

II - Não coloque uma garrafa quente, recém-saída da panela, sobre o mármore da pia

ou sobre o chão frio, pois ela arrebentará, com o choque térmico.

III - Durante a pasteurização use óculos para proteger a vista e cubra a panela com

tampa, deixando só um pequeno espaço para enfiar o termômetro. Seja rigoroso na

determinação exata da temperatura.

NÃO PERMITA QUE A TEMPERATURA DA PANELA SUBA ALÉM DOS 60°C,

POIS AS GARRAFAS PODEM EXPLODIR.

IV - Manuseie as garrafas quentes com delicadeza e sem dar pancadas.

V - Se você vai pasteurizar o lote em duas ou três vezes, retire as garrafas já

pasteurizadas com o fogão desligado e coloque as outras garrafas na panela para se

"acostumarem" com o calor por 10 minutos, antes de ligar novamente o fogo.

NÃO É NECESSÁRIO RECOMEÇAR A PARTIR DA ÁGUA FRIA.

VI - Um jeito barato de fazer esta operação é adquirir um tambor de óleo cortado com

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40 cm de altura, o que permite pasteurizar 40 garrafas de uma só vez.

VII - Na prática, basta você deixar a temperatura da água atingir 60°C e DESLIGAR.

O calor acumulado na panela já é bastante para pasteurizar a cerveja em 20 minutos,

economizando bastante gás.

VIII - Depois da pasteurização as garrafas podem durar meses FORA DA

GELADEIRA.





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Receita da Cerveja Clara



INGREDIENTES:

Malte - 1800g ;

Lúpulo - 40g ;

Açúcar - 250/500g (leve ou normal) ;

Quirera de milho - 250g (1 copo grande) ;

Bentonita 20g ;

Água Filtrada, Fervida e Aerada - 20 litros ;

Fermento Cervejeiro - 1 Dose (30cm³) ;

Gelatina incolor - 1 Pacotinho



MODO DE FAZER:

1 - Peneirar: as 1800g de malte para retirar o pó.

2 - Tostagem: Separamos a metade de um saquinho de malte - 300g - e vamos tostá-lo

numa assadeira, mexendo sempre com uma colher, até o grão adquirir a cor amarelo

queimado, mais ou menos a cor da madeira cerejeira.

NOTA: Quanto mais malte tostado você acrescentar mais corada ficará a cerveja. A

intensidade da tostagem também influi: Quanto mais se tostar o malte, mais escura

ficará a cerveja

3 - Lavagem: Lavamos o restante do malte em água corrente da torneira, utilizando

uma peneira ou um escorredor de macarrão.

4 - Moagem: A seguir, num liquidificador, moemos junto o malte cru e o tostado. Se

você trabalhar com o grão já moído, não é mais necessário peneirar, lavar ou moer o

malte. Comece a sua cerveja à partir da BRASSAGEM. (operação Nº 5).

5 - Brassagem: É a operação de cozimento controlado do mosto. Em uma panela

grande com aproximadamente sete litros de água, colocamos para cozinhar o malte

moído, junto com a quirera de milho.

6 - Escalas de cozimento: Tenha muito cuidado para não perder o material por

aquecimento excessivo, pois 2kg de material acumulam muito calor, e, é muito comum

o cervejeiro principiante estragar o material por elevação muito rápida da

temperatura o que destrói a enzima.

Obedecemos a seguinte escala de temperaturas:

a) De 40° a 50°C : 15 minutos (proteínas/acidez)

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b) De 50° a 60°C : 20 minutos (conversão de maltose)

c) De 60° a 72°C : 20 minutos (conversão da dextrose)

OBS: A ENZIMA MALTASE MORRE AOS 72°C, RAZÃO PELA QUAL NÃO

PODEMOS ULTRAPASSAR ESSA TEMPERATURA ANTES QUE TODO O

AMIDO JÁ TENHA SE CONVERTIDO EM MALTOSE.

7 - Teste de Iodo: Na segunda etapa de cozimento (50/60°C) fazemos os testes de iodo

para saber se a conversão do amido em maltose ocorreu satisfatoriamente.

MODO DE FAZER:

Com a ponta do termômetro ou uma colherinha recolhemos quatro gotas de mosto em

um pires branco. Pingamos em cima uma gota de iodo comum. O iodo tem a

propriedade de reagir em contato com o amido, mudando de cor e ficando preto

azulado. À medida que o amido se transforma em açúcar, o iodo reage cada vez

menos, e a substância resultante deste teste vai ficando cada vez mais alaranjada.

Quanto mais alaranjada, mais perfeita e completa foi a conversão em maltose.

NOTAS:

1º.) QUANDO FAZEMOS O COZIMENTO CORRETAMENTE, OBSERVANDO

AS ESCALAS DE TEMPERATURA E TEMPO, ESTA TRANSFORMAÇÃO

ACONTECE SEMPRE AUTOMATICAMENTE. No entanto, os testes de iodo

servem para tranqüilizar, PROVANDO VISUALMENTE que a sacarificação do

amido já foi completada.

2º.) O teste do iodo é feito ao final da segunda escala (50/60°C), ou seja, após 30

minutos de cozimento do mosto.

3º.) Depois que o teste do iodo der positivo, ainda cozinhamos o mosto por mais 15

minutos, até completar a terceira etapa (60/72°C).

8 - Primeira coagem: A seguir coamos este mosto numa peneira fina para separá-lo do

bagaço.



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9 - Lavagem do malte: Adicionamos uns três litros de água na panela com o bagaço já

coado e vamos fervê-lo novamente por mais 10 minutos. Deste modo, recuperamos

ainda muita maltose que ficou retida no bagaço.

10 - Segunda coagem: Após esta fervura, coamos o bagaço e juntamos este caldo com

o mosto já coado na operação Nº 8.



11 - Lupulagem: Agora adicionamos ao mosto 40g de lúpulo e vamos fervê-lo por mais

uma hora para extrair o seu sabor e princípios aromáticos.

12 - Bentonita: Nesta mesma ocasião dissolvemos também uma colher de chá com

bentonita no mosto. Junte esta bentonita pulverizando aos pouquinhos que é para ela

não embolar. A bentonita e o lúpulo devem ferver juntos por uma hora , até ocorrer a

ruptura das proteínas.



13 - Ruptura das proteínas: Após aproximadamente uma hora de fervura, ocorre o

fenômeno da ruptura das proteínas e que é muito fácil de ser observado: Aparecem na

superfície do mosto riscos e estrias, sendo que a parte mais pesada e densa da massa

tende a separar-se do resto do mosto e precipitar-se no fundo da panela deixando a

superfície mais transparente. Quando ocorre esta ruptura você já pode dar o

cozimento por concluído.

14 - Terceira coagem: Completando o cozimento, coamos o mosto em um pano. Esta

coagem é muito importante porque elimina as partículas maiores, e a bentonita fica

livre para atacar as partículas menores que sobrarem no mosto.

Assim se até as partículas pequenas forem derrubadas, a cerveja vai ficar límpida e

transparente dando um belo produto final.

Depois desta coagem, acrescente 250/500g de açúcar conforme deseja a cerveja mais

fraca ou forte, misturando tudo muito bem.

15 - Correção da formula: Juntamos ao mosto a água filtrada fervida e aerada até

completar os 20 litros da receita, no tanque de fermentação.

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16 - Decantação: Deixamos este mosto repousar por SEIS HORAS para que o

material mais pesado deposite-se no fundo do botijão. Depois fazemos a baldeação do

mosto, separando-o do material grosso depositado no fundo do tanque, e que deve ser

jogado fora, pois contem muita proteína deteriorável que transmite mau gosto à

cerveja.

17 - Fermentação: Chegou então a hora de ativar o fermento e adicioná-lo ao mosto.

Esta fermentação vai durar três ou quatro dias, conforme a temperatura estiver

quente ou fria.

NOTA: Releia o tópico sobre cerveja preta, pois o procedimento de ativação do

fermento e exatamente o mesmo.

18 - Clarificação com bentonita: Ao completar o terceiro dia de fermentação ,

dissolvemos 1 colher de chá com bentonita em um copo de água quente e que deverá

ser adicionada ao mosto lentamente e sem agitar. Adicione a bentonita umas 10 horas

antes de engarrafar.

19 - Clarificação com gelatina: Você também pode clarificar sua cerveja com gelatina

branca em pó. Dissolva um pacotinho de gelatina em pó na água quente e introduza-a

no tanque umas 12 horas antes do engarrafamento. A gelatina tem a propriedade de

captar as partículas em suspensão na cerveja, arrastando-as para o fundo do tanque, e

melhorando assim a transparência da bebida. Se você usar gelatina, não precisará

usar bentonita pela segunda vez no item Nº 18, a não ser que você queira uma cerveja

absolutamente cristalina. Neste caso faça a clarificação com a bentonita 24 horas antes

de engarrafar, e a gelatina 12 horas antes, finalizando com a coagem em papel filtro.

20 - Filtragem: Completado o último dia de fermentação, baldeamos a cerveja para

outro recipiente, tendo cuidado para não agitar o recipiente, NEM LEVANTAR O

FERMENTO DO FUNDO DO TANQUE.

Aproveitamos esta baldeação para coar a cerveja em um pano, feltro ou papel

filtrante.

21 - Engarrafamento: Com uma mangueirinha plástica (pescador) sifonamos a

cerveja e vamos encher as garrafas até a altura do ombro. CUIDADO PARA NÃO

ENCHER AS GARRAFAS DEMASIADAMENTE! NO CASO DE USAR

MANÔMETRO VOCÊ PODE ENCHER AS GARRAFAS ATÉ O NÍVEL

NORMAL.

22 - Repouso: Fechamos as garrafas com chapinhas metálicas. Depois, elas ficarão

DEITADAS em repouso por dois ou três dias, aguardando a formação do gás.

23 - Teste do gás: Por ocasião do engarrafamento, enchemos também três garrafinhas

para fazer o teste de gás. A contar do engarrafamento, abrimos uma garrafinha a

cada 24 horas, derramamos a cerveja no copo e observamos que altura a espuma

atingiu. SE DER DOIS DEDOS DE ALTURA, PASTEURIZAMOS. Caso contrário

ABRIMOS MAIS UMA GARRAFINHA A CADA 24 HORAS, Até atingirmos o

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ponto certo da pasteurização. NO CASO DE USAR MANÔMETRO PASTEURIZE

QUANDO ATINGIR AS MARCAS DE 1,5 A 2,0 ATMOSFERAS ( 20 A 30 LIBRAS

DE PRESSÃO).

24 - Pasteurização: Repetimos exatamente o mesmo procedimento já ensinado na

receita da cerveja preta.

25 - Maturação: Após pasteurizar, a cerveja deve MATURAR PELO MENOS POR

30 DIAS antes de ser consumida. A cerveja clara exige um tempo muito maior antes

que o seu paladar a torne agradável de ser degustada.

26 - Conservação: Esta cerveja mantém-se em perfeito estado de conservação por um

ano.

SISTEMA PRIMING (PRONUNCIA-SE PRÁIMING)

Trata-se de um sistema de fazer cerveja muito usado na Europa, e que tem a

vantagem de não necessitar de pasteurização. A aparência desta cerveja é muito boa

porque a bebida tem bastante tempo para decantar as impurezas.

Desvantagem: Este processo sempre forma um pequeno depósito no fundo da garrafa

devido à nova fermentação que se processa dentro da garrafa.

17.1 - Fermentação: O procedimento é igual ao sistema anterior até chegar ao item Nº

17, sendo que neste caso a fermentação prolonga-se por seis ou sete dias dependendo

do tempo estar frio ou quente.

18.1 - Clarificação com bentonita: É feita 10 horas antes de engarrafar.

19.1 - Clarificação com gelatina: É feita 12 horas antes de engarrafar.

20.1 - Filtragem: Absolutamente igual ao anterior. Pode utilizar o papel filtrante, ou

um pano fino de malha fina dobrado.

21.1 - Priming: Após esta prolongada fermentação, a cerveja perdeu todo o seu teor

de gás carbônico. Precisamos portanto devolver o gás à cerveja e utilizamos o seguinte

processo: Em 1 litro de água dissolvemos ao fogo um copo grande de açúcar com três

gotas de limão. Fervemos por 20 minutos até formar uma calda rala. derramamos esta

calda rala na cerveja já coada e filtrada. MEXE-SE BEM PARA HOMOGENEIZAR

o açúcar com a cerveja e ENGARRAFA-SE IMEDIATAMENTE.

NOTA: O fermento que está vivo na cerveja vai recomeçar a atividade criando dentro

da garrafa todo o gás necessário.

21

22.1 - Pasteurização: A cerveja feita pelo sistema "priming" NÃO PRECISA SER

PASTEURIZADA, POIS NÃO EXISTE O RISCO DE EXPLOSÃO. Esta cerveja

realmente é um choppe, pois vai ser consumida sem ser pasteurizada.

23.1 - Maturação: Podemos servir esta cerveja APÓS 30 DIAS de maturação.

24.1 - Conservação: É uma cerveja de grande durabilidade, e que agüenta muito bem

um ano em perfeito estado.

NOTA I: Se você deseja obter uma cerveja mais amarga e aromática, tipo Pilsen,

ponha então o lúpulo de molho na água por 24 horas. Separe depois este lúpulo,

coando-o e adicionando-o normalmente na operação de lupulagem (Nº 11) sendo que

esta água resultante da infusão do lúpulo, É JOGADA NO MOSTO NOS 10

MINUTOS FINAIS DO COZIMENTO.

NOTA II: Em época de muito calor, devemos REDUZIR O TEMPO DA

FERMENTAÇÃO em um ou dois dias, porque com o calor existe a possibilidade da

CERVEJA FICAR AZEDA.

NOTA III: Você também pode usar o sistema "priming" para fazer cervejas pretas.

Como esta cerveja vai ficar muito seca, corrigimos a sua doçura adicionando lactose

ou adoçante artificial, de uma a dez gotas por garrafa conforme o seu paladar exigir.

NOTA IV: Na cerveja clara não usamos qualquer tipo de aditivos, sal, caramelo,

espumantes ou aromatizantes etc.

NOTA V: A beleza e transparência da cerveja dependerão muito do rigor e esmero

das sucessivas coagens, do tempo de decantação e do cuidado com que for feita a

baldeação.



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Fermento Cervejeiro



1- Fermento de Alta Fermentação.

Nome Cientifico: Saccharomyces Cerevisiae

É o melhor fermento para nós fazermos a nossa cervejinha caseira.

Características: Este fermento é muito aromático, saboroso e frutado (sabor que

lembra fruta), proporcionando um alto teor alcoólico à bebida, e tendo a vantagem de

suportar bem um clima quente como é o nosso.

Chama-se fermento de alta fermentação porque ele trabalha na parte alta do mosto,

formando espumas na sua superfície.

Trata-se de um fermento de grande robustez e rusticidade, e que dispensa cuidados

especiais no tratamento e na conservação. Ele também é um grande formador de

espuma cremosa, proporcionando um belo colarinho à cerveja, sem necessitar de

algum aditivo químico.

Na Europa a alta fermentação é muito utilizada na Inglaterra, Bélgica, Holanda e

parte da Alemanha, para a fabricação de cervejas famosas e tradicionais.

A Ales inglesas, Alts alemães e as Trapistes belgas, (cervejas feitas pelos monges

desde a idade média) são exemplares de cervejas célebres feitas por alta fermentação.

Este tipo de fermento permite fazer cerveja sem pasteurizar, com sabores e aromas

muito mais intensos e de personalidade marcante. Com alta fermentação também é

possível obter colarinhos de espuma mais cremosos e teores alcoólicos mais elevados

se você assim o desejar.

2- Fermento de Baixa Fermentação.

Nome Científico: Saccharomyces Carlberguensis

Chama-se assim ao fermento que atua na parte baixa do tanque de fermentação

agindo no fundo do mosto.

Começou a ser usado no século passado sendo especializado em cervejas claras e

suaves, porque dá maior transparência ao produto.

Devido a forte concorrência comercial, as industrias são obrigadas a preocupar-se

com a beleza visual e transparência de seus produtos. Por isto as fabricas preferem

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sacrificar o aroma o sabor e a cremosidade da espuma em beneficio da melhor

aparência da cerveja, utilizando para tal o processo de baixa fermentação.

Além de ser fraco em aroma e sabor, o fermento de baixa fermentação é muito

sensível ao calor, só podendo ser utilizado entre 5° a 12°C, o que requer o uso de

câmaras frigoríficas e portanto dificultando o seu uso para cervejeiros amadores.

Este fermento também é bastante suscetível ao ataque de fermentos selvagens, e suas

colônias adoecem e degeneram rapidamente, devendo ser substituídos por novas

colônias

NOTA: O levedo de cerveja vendido em farmácias não devem ser usados para fazer

as cervejas, sendo apenas um complemento dietético.

COMO AGE O FERMENTO.

O fermento é um devorador insaciável de açúcares. Quando ele ataca uma molécula

de açúcar divide-a em duas outras: álcool e gás carbônico (CO2) exatamente tudo o

que nós precisamos para fazer uma boa cerveja.

Fermentação portanto, é o processo pelo qual o fermento converte o açúcar e a

maltose do mosto em álcool e gás. Na verdade podemos dizer que o fermento é o

verdadeiro mestre cervejeiro, sendo ele que converte o mosto em cerveja.

Conforme o tipo de mosto que fizermos teremos o tipo de cerveja correspondente:

forte, fraca, clara, escura, vermelha etc. Um período maior de fermentação resultará

em produto mais perfeito em termos de sabor, aroma, transparência, e teor alcoólico.

COMO CUIDAR DO SEU FERMENTO.

O fermento possui seis grandes inimigos: Cloro, Calor, Infecções de Fermentos

selvagens, Falta de oxigênio, Álcool e Desnutrição.

a) Cloro: O fermento é mortalmente alérgico ao cloro que normalmente vem na água

das torneiras. Devemos sempre ter certeza de que a água que vai entrar em contato

com ele é absolutamente isenta de cloro.

b) Calor: O fermento trabalha melhor na faixa dos 15° aos 28°C e morre ao superar a

temperatura de 42°C. Quando o fermento não estiver em uso deve ser guardado na

geladeira. Uma fermentação feita no tempo de frio é mais vagarosa, mas produz uma

cerveja de melhor qualidade e menos ácida.

NOTA: Cuidado para não adicionar o mosto quando a temperatura estiver acima de

35°C.

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c) Infecções de fermentos selvagens: Existem dispersos no ar vários tipos de fermentos

diversos que podem cair no vidrinho do fermento cervejeiro infeccionando-o. Quando

o fermento fica contaminado ele transmite um cheiro desagradável à cerveja, o teor

alcoólico da cerveja diminui e a fermentação fica irregular dando cerveja muito doce.

Para evitar a contaminação mantenha seu pote de fermento sempre bem fechado e

protegido ainda com papel alumínio.

d) Falta de Oxigênio: O fermento é um ser vivo que precisa de oxigênio para

sobreviver. Ele extrai todo o oxigênio de que necessita da água. É importante que a

água em que o fermento está seja rica em oxigênio, por isto semanalmente renove a

água do nosso fermento por uma nova água bem oxigenada e fresquinha para mantê-

lo saudável e ativo.

e) Álcool: O fermento tem capacidade de criar o álcool a partir do açúcar, mas ele

mesmo não gosta de álcool. Como nós produzimos gás carbônico em nossos pulmões

mesmo sem gostar dele.

Quando você alimenta o seu fermento semanalmente com açúcar, ele cria o álcool que

vai saturar a água do vidro da cultura. Portanto, semanalmente você deve renovar a

água da sua cultura de fermento, porque ela fica com o teor de álcool elevado.

f) Desnutrição: A cada sete dias você deve renovar a água da sua cultura de fermento,

para renovar o oxigênio e eliminar o álcool. Nesta ocasião você coloca uma colher de

chá de açúcar,(mascavo é melhor porque contém mais minerais nutritivos.) uma

colher de chá com limão, porque o fermento gosta de viver em meio ácido.

Existe também nutrientes próprios para o fermento cervejeiro que podem ser

encontrados em casas especializadas em produtos naturais. Estes nutrientes são uma

espécie de ração balanceada de sais minerais e vitaminas que deve ser adicionada uma

vez por semana (uma colher de cafezinho) como complemento nutritivo.